Amor pelos dados

Quando o assunto é visualização de dados, o casal Amy Cesal e Zandel Furnas não tem limites: além de ser o campo de atuação profissional dos dois, é também a área onde se conheceram e uma paixão compartilhada. Sendo assim, não haveria forma de comemorar o seu casamento sem introduzir, de alguma forma, esse interesse da dupla.

Com o intuito de criar uma rede de afetos que servisse de motivo de conversa entre grupos distintos de convidados e, ao mesmo tempo, mostrasse a todos o que é que o casal faz profissionalmente – já que muitos amigos e familiares têm dificuldade de compreender o que um cientista de dados faz – o casal elaborou uma série de visualizações personalizadas. Assim, cada convidado teria a sua própria dataviz, que contaria através de códigos visuais um pouco da sua história com os dois protagonistas da noite e serviria como um artefato pessoal de homenagem à importância da relação do casal com aquela pessoa.

Inspirados pelos broches que representam dados pessoais criados por Giorgia Lupi, o casal resolveu fazer sua própria versão dessa ideia, criando broches de ímã que representasse dois fatores: a quanto tempo e de que forma cada um deles conhecia a pessoa. Como as relações com o mesmo convidado variam entre o casal, eram necessárias duas formas – uma para cada noivo – que variariam em escala e categoria.

A partir disso, foi resolvido que cada relação (noiva-convidado e noivo-convidado) seria representado por uma gota que simboliza metade de um coração. O tamanho dessa forma representaria a quantidade de tempo desse relacionamento e a cor, a forma pela qual os dois personagens em questão se conheceram.

Como ler a visualização criada pelo casal

A ideia não foi representar os dados de forma estritamente informativa, até porque isso não seria proveitoso em uma situação e com dados tão afetivos, mas sim criar um sentimento e envolver os convidados naquilo. Para que ninguém se sentisse de fora, nem mesmo quem conhecia o casal há pouco tempo, foi estabelecido um tamanho mínimo da forma, que não diminuísse nenhuma relação ali presente.

Exemplos de broches e das variações da visualização.

Para apresentar esse trabalho aos convidados, o casal criou um diagrama de rede. Essa escolha também conta a história dos dois: ambos tiveram experiências profissionais trabalhando, em parceria ou separados, com esse tipo de visualização, que é, além disso, a melhor forma de representar dados relacionais.

Para representar esse momento de celebração de seu relacionamento e de conexão entre pessoas de diferentes setores de suas vidas, Amy e Zandel criaram um gráfico por afiliação, unindo os 125 convidados por grupos em que os indivíduos certamente se conheciam entre si e gerando, a partir disso, 1300 conexões.

Todo esse extenuante trabalho foi revisado com carinho pela dupla, para incluir todos os convidados de forma que cada um se sentisse parte daquilo. Como a própria Amy fala em sua página no Medium, um bom design pensa no contexto em que ele está inserido, e casamentos são um contexto muito particular. Essa particularidade foi tão pensada que os broches, além de todas as funções citadas anteriormente, também tinham o objetivo de dirigir os convidados às suas respectivas mesas. Foram colados adesivos no verso de cada broche, indicando através de cores e símbolos a mesa preparada para esse convidado.

Adesivos colados nos versos dos broches: cada símbolo e cor representam a mesa e cadeira – que compartilhavam a mesma sinalização – onde o convidado deve sentar

Unindo os broches com o diagrama de rede, o projeto estava concluído. No grande dia, os convidados eram recepcionados com essa visualização, buscando seus broches e colocando os ímãs nos paletós e vestidos. Segundo os relatos do casal, a ideia foi um sucesso e contribuiu para criar uma atmosfera de  amor, encontro e celebração da união. Exemplos assim são muito interessantes pois mostram a extensão de possibilidades da visualização de dados e, além disso, a paixão com que as pessoas da área tem com essa ciência.