10 anos de LabVis: memórias da nossa primeira integrante, Luiza Bielinski

Há aproximadamente 10 anos foi a primeira vez que ouvi o termo visualização de dados.

Design de informação sempre foi uma área que me despertava interesse, antes mesmo de decidir cursar design — por alguns anos, minha família assinou a revista Superinteressante e os seus infográficos eram a primeira parte que eu abria para ler. Em 2010, já na UFRJ, me inscrevi em uma disciplina nova sobre design de informação.

Era uma das primeiras aulas da professora Doris Kosminsky na Escola de Belas Artes. Ela dissertou sobre o poder dos dados quando se transformam em informação, conhecimento e, por fim, sabedoria. Me fascinei pelo poder que o design tem, aliado à programação, de fazer emergir padrões a partir desses dados que não fariam sentido de outra maneira — ou, como ouvi da Doris naquele ano, de como a visualização de dados consegue “fazer visível o invisível”.

Logo em seguida, o LabVis foi formado, e junto a outros alunos de CVD começamos a pesquisar e discutir inúmeros projetos de visualização de dados. Dei meus primeiros passos programando em Processing e realizando pesquisa acadêmica para o meu projeto de visualização, sob orientação dos professores Doris e Claudio Esperança. Sem esse período como bolsista e colocando em prática o método científico, eu não teria tido a oportunidade de experimentar com mídias interdisciplinares e expandir minha área de interesse para o campo digital.

Há alguns anos trabalho como User Experience Designer no site Booking.com. A empresa é famosa por implementar em larga escala o método de testes A/B — onde são comparadas duas versões de uma mesma funcionalidade, e dados de performance são capturados — ao oferecer novas funcionalidades para os usuários. A partir de uma hipótese formulada por um determinado time (que pode ser inspirada por meio de análise de dados, pesquisa com usuários, ou outro), desenhamos uma solução e decidimos como essa hipótese pode ser testada e medida. Qualquer semelhança com o método científico não é mera coincidência.

Um dos meus aspectos favoritos desse processo é poder observar, às vezes em tempo real, dados que indicam como pessoas utilizam a interface que eu desenhei (uma das frustrações dos meus primeiros empregos era não ter acesso a informação suficiente para basear minhas decisões como designer). Quando constatamos que estamos errados em nossas hipóteses mais frequentemente do que estamos certos, dados se tornam uma das ferramentas mais essenciais no processo de design de experiência. Ter acesso à informação muda tudo.

Fazer sentido de um mundo de dados também apresenta outros desafios. Cada dia mais se fala da importância de ser um designer orientado a dados (data-driven), mas mais que usar dados para informar e melhorar o design, o que muitas vezes é esquecido é que trazemos à mesa a nossa habilidade de enxergar as pessoas por trás dos números. Em um mundo onde machine learning se populariza (e com ele o debate da ética por trás da captura de dados), a nossa empatia e capacidade de pintar uma história que nos faz únicos em uma equipe multidisciplinar. E para mim este convite à reflexão também é, citando Doris, uma outra maneira de “fazer visível o invisível”.

Vida longa ao LabVis!

Primeira integrante da nossa equipe, Luiza Bielinski.