Quem Venceu a Corrida Espacial? – Trabalhos da Graduação

O trabalho “Quem venceu a corrida espacial?“ foi desenvolvido pelo aluno João Lucas Pereira da Rosa no semestre de 2022.2 na disciplina Visualização Criativa de Dados, ministrada pela professora Doris Kosminsky com apoio do doutorando Luis Ludwig na Escola de Belas Artes da UFRJ. O tema explorado por João Lucas foi a Corrida Espacial, um período histórico situado durante a Guerra Fria, no qual as duas superpotências da época — Estados Unidos e União Soviética — a fim de ampliar sua influência pelo mundo, buscaram demonstrar superioridade também nos âmbitos científico e tecnológico através de missões de exploração espacial.

O trabalho busca, por meio de uma animação, questionar a ideia hegemônica de que os Estados Unidos teriam vencido a Corrida Espacial, cuja “linha de chegada” — o pouso do homem na Lua — foi arbitrada pelo próprio governo Americano e faz parte de uma narrativa que busca reafirmar a superioridade do bloco ocidental capitalista. Nesse sentido, João Pedro afirma:

 

“De forma a obter uma ideia ampla sobre o período de lançamentos da corrida espacial, realizei esse projeto, pensado desde o início em criar uma animação. A proposta foi, então, demonstrar um panorama resumido do período histórico em questão, oferecendo alguns detalhes de pioneirismos, datas e proporções, para que o espectador tirar as suas próprias conclusões para pergunta inicial, ‘Quem venceu a Corrida Espacial?’. Pensei neste formato, porque seria uma tarefa difícil dar uma resposta concreta para uma pergunta tão subjetiva. Não há, e talvez nunca haverá, uma resposta certa para quem foi o vencedor de uma disputa tecnológica e ideológica como essa, logo é algo que só pode ser respondido por meio de critérios subjetivos.” (Trecho retirado do relatório entregue por João Rosa ao fim da disciplina.)

 

Desenvolvimento do projeto em papel e no software Adobe After Effects

 

A fonte de dados do trabalho foi a plataforma Kaggle. Após a coleta dos dados, João Lucas precisou realizar um procedimento de filtragem para determinar datas de início e de fim para a Corrida Espacial em sua visualização de dados. O início foi mais facilmente delimitado: O lançamento do Sputnik 1, o primeiro objeto em órbita. Porém a data de fim da Corrida foi um assunto mais delicado, um vez que determinar o fim com a realização da Apollo-11 apresentava uma parcialidade e se chocava com os objetivos iniciais do estudante em questionar a narrativa hegemônica.

Assim, ele optou por determinar o fim como sendo em 17 de julho de 1975, data da primeira missão colaborativa entre os Estados Unidos e a União Soviética: O acoplamento Apollo-Soyuz. Para fins de filtragem de dados, também foram eliminados missões não lançadas em território americano ou soviético nesse período, resultado em um conjunto de dados de 1368 missões. O processo de João Lucas em sua coleta e seleção de dados evidencia como o processo de elaboração de uma visualização de dados não é neutro e está sujeito sempre a questões ideológicas e escolhas pessoais e subjetivas das pessoas envolvidas em sua concepção.

Para ilustrar os dados e enriquecer a animação, João Lucas adicionou imagens para representar eventos importantes da Corrida Espacial, como por exemplo, o primeiro animal em órbita, a cadela Laika. Mas isso apresentou uma nova questão ao estudante, pois segundo ele, nem todos os eventos pesquisados poderiam ser adicionados, afinal “… o curto tempo [da animação] não me permitia isso. No quesito funcionalidade, não poderia deixar um evento por tão pouco tempo em tela, logo, fui obrigado a selecionar os mais importantes, o que pode ter de certa forma redirecionado os dados.”

 

Processo de elaboração da animação. Time lapse.

 

O processo de elaboração passou por alguns rascunhos em papel e depois uma animação feita manualmente pelo programa Adobe After Effects. Após verificar a eficiência da composição esboçada em papel, João Lucas precisou tomar decisões quanto à representação dos diferentes tipos de missões, como satélites, sondas, missões tripuladas e até mesmo missões fracassadas.

 

“Diferenciá-las por cores não seria muito funcional, pois queria manter a dualidade azul – vermelho para diferenciar a origem de cada missão. Adicionar ícones poderia demandar muito mais trabalho, visto que teria que estabelecer um padrão de ícone para cada linha a ser duplicada, e ainda multiplicar por dois, pois teríamos duas origens diferentes. Por fim defini o que considerei mais importante como destaque entre o padrão de linhas: as missões fracassadas teriam uma pequena animação associada e o caminho da linha seria interrompido.” (Trecho retirado do relatório entregue por Rosa ao fim da disciplina.)

 

Resultado final do trabalho.