Estamparia personalizada a partir de Visualização de dados

Estamparia personalizada a partir de visualização de dados é uma das pesquisas de mestrado desenvolvidas no Laboratório de Visualidade e Visualização (LabVis). Neste estudo utilizei a estamparia, uma especialidade do design de superfície, como suporte para a imagem resultante do processo de visualização. Questionei, ainda, se a função comunicacional e expressiva da visualização de dados pode ser potencializada quando esta tem como saída visual-gráfica uma estampa. Logo, minha pesquisa tem por objetivo principal criar e refletir sobre uma visualização de dados pessoais que será aplicada como estampa em um suporte têxtil. Como objetivos secundários, minha pesquisa pretende destacar a criação de visualizações em suportes menos convencionais e estimular a discussão dos diferentes níveis de leitura de dados. 

Relevância da pesquisa

Entendi que a visualização de dados pessoais mostra-se relevante ao caracterizar e provocar uma reflexão no observador sobre seus próprios hábitos, reforçando sua identidade, crenças, valores e gostos diante da sociedade. Por sua vez, compreendi que ao abordar a característica comunicacional da estamparia existe uma propriedade relacional da superfície a partir interação entre o objeto e o usuário, que pode ser usufruída pela visualização de dados. Tal aspecto interativo se dá por meio dos sentidos, que no caso de objetos não virtuais permitem entendimento a partir do tato, olfato, paladar e audição. Essas percepções podem ser usadas em favor de uma comunicação mais intencional, onde a mensagem a ser passada pode ser estimulada ao inserir fatores que aguçam outros sentidos, além da visão.

Método

A fim de encontrar os denominadores comuns no desenvolvimento projetual do objeto de estudo, analisei conceitos fundamentais a ambas áreas do design, visualização de dados e design de superfície.  O esquema a seguir (Figura 1) ilustra tal aproximação. 

Figura 1: Linha de raciocínio sobre o encadeamento dos domínios fundamentais tratados na pesquisa.

Fonte: A autora, 2020.

O esquema acima  esclarece o posicionamento da pesquisa frente ao que compreendi como Design da Informação, “… área do Design cujo propósito é a definição, planejamento e configuração do conteúdo de uma mensagem e dos ambientes em que ela é apresentada …” (SBDI 2020).  Busquei na visualização de dados sua distinção frente aos demais tópicos de estudo de design (como a visualização da informação) bem com suas características, fornecendo, de tal modo, as diretrizes para a escolha do método de execução do projeto. Assim, pude abordar a singularidade da visualização de dados pessoais e elucidar, por meio da análise de exemplos, aspectos visuais desejados para a condução dos experimentos. Concluí aproximando os conceitos de Design de Superfície Têxtil como meio de comunicação e suporte para visualização de dados.

Após um levantamento de alguns métodos de criação de visualização de dados cheguei a conclusão de que o mais adequado às necessidades da pesquisa era o processo descrito por Mazza (2009). O método do autor foi escolhido como principal para a prática desta pesquisa, pois há nele espaço para adaptações para criação de visualizações não tradicionais. A partir do reconhecimento de tais procedimentos metodológicos, me aprofundei em cada uma das etapas (processamento e transformação de dados, mapeamento visual e criação da visualização) justificando a escolha dos títulos a partir de Mazza (2009). 

Figura 2 : Esquema de criação de visualização de Mazza (2009)

Fonte: Mazza, 2009.

Experiência prática 1

Conforme as diretrizes determinadas durante a parte teórica do estudo, segui para a parte prática de elaboração de visualização de dados estampada. Realizei duas experiências: Momentos Memoráveis e Estampa-me. A primeira teve como propósito traduzir uma fotografia publicada no Instagram em visualização de dados pessoais que, ao ser  impressa em tecido, resultaria em uma estampa. O participante da experiência responde a um questionário sobre uma fotografia escolhida e as respostas são codificadas em elementos visuais, que ao final geram uma estampa. É possível ver o resultado da primeira experiência no vídeo a seguir.

Experiência prática 2

As considerações sobre a primeira experiência me levaram a um estudo mais aprofundado sobre as representações gráficas e a área de estamparia. Assim, como resultado do aperfeiçoamento para a segunda experiência, revisei o objetivo da prática e consequentemente todo o processo de execução. Na segunda experiência, Estampa-me, permaneci desenvolvendo uma visualização mediante aos dados coletados por um questionário. Porém, as perguntas realizadas são de caráter mais subjetivo e abstrato, buscando um aprofundamento dos anseios do indivíduo como um retrato de sua opinião pessoal.

Atualmente, na segunda experiência Estampa-me, estou em processo de finalização para impressão da visualização em tecido. A seguir é possível ver alguns resultados de estampas com os dados já coletados.

Figura 3: Simulação de estampa em tecido de seis participantes da experiência 2. 

Fonte: A autora.

Segui, então, para as etapas finais de impressão do tecido, ponderação sobre a segunda experiência e finalização da parte teórica, descrevendo as considerações sobre todo o processo e conclusão para avaliação da banca de defesa.  

 

Referências

MAZZA, R. Introduction to information visualization. London: Springer, 2009.