Quotidian Record- Uma trilha sonora da sua vida

Como parte da experiência da estadia no Centro de Arte e Tecnologia Eyebeam em Nova York, o artista Brian House resolveu registrar seus paradeiros durante um ano em seu celular e os colocou em um toca- discos, resultando em uma singular composição musical de 11 minutos.

Ele começou a traduzir seus dados para o meio físico ordenando e analisando a lista de lugares que ele visitou a partir do tamanho relativo ocupado no aglomerado de informações formado por padrões pessoais , como quanto tempo ele passou em cada local e com qual regularidade.

Até os caminhos feitos por uma rotina abrem espaço para a criatividade fluir. E são as interrupções da rotina – como viagens, por exemplo, que é uma parte do ano documentado de House – que a mantém interessante. Ele atribuiu a cada local específico de sua vida um semitom da escala musical (espaço que há entre duas notas), e a cada cidade visitada, uma nota.

”Eu decidi usar uma série tonal que foi composta em parte por intuição e uma parte por tentativa e erro” ele diz,” Os lugares mais frequentes foram traduzidos em harmonias mais equilibradas e melodiosas, logo na maior parte da música há a repetição de uma terça maior (=quatro semitons) que seria na verdade somente eu dormindo em casa. À medida que eu me locomovo, a música fica mais complexa”.

Produzir uma forma física foi uma parte essencial do processo para House. Ele cortou manualmente cada uma da 10 edições limitadas de disco, resultando em um disco formado de uma série em que cada um deles é único. A rotação do disco leva 1,8 segundos, fazendo a documentação de 365 dias em 11 minutos.

Apesar de outros poderem apreciar a música do ano de House, ele admite que é uma experiência singular para si.
” É como se fosse uma moldura para um conjunto de memórias. Eu escuto o meu trabalho e minha mente viaja por uma lente de expectativas. Eu adoro escutar especialmente o som da minha viagem até o Colorado. Eu a revivo quando escuto, e tem um significado especial para mim agora porque meus padrões mudaram drasticamente desde que eu me mudei de Nova York”.

House afirma que a obra não foi feita para ser decodificada ou analisada. ” Foi feita para ser sentida, como toda música. O surpreendente é que o processo resulta em uma coisa que, na minha opinião, é atrativa e realmente fascinante”.