Espectros: arte, memória, mídia
O projeto “Espectros: arte, memória, mídia” investiga a “espectralidade” da memória: isto é, como a mediação das tecnologias de produção de imagem — para além do cultivo da memória — também se constitui de ruídos e hiatos que desconectam o registro do registrado, criando “zonas de penumbra” que podem se abrir para o devaneio, a ficção e o poético
Imagens técnicas e mediação
Desde o século XX vem se discutindo como a imagem técnica ao mesmo tempo sublinha e apaga a interferência da mediação sobre o que é registrado. As tecnologias digitais privilegiam a transmissão e a re-criação contínua, o que reforça o conceito de memória como um tecido em constante modificação.
O presente projeto deriva destas discussões para propor um olhar autoral sobre os efeitos da mediação da memória sobre nossas vidas. Argumentamos que a história pessoal, contada através da fotografia, do vídeo ou da computação, é uma fantasmagoria das mídias que a re-apresentam.
Memória e arquivo
Na busca pelas motivações de tais inquietudes, o artista voltou-se para o seu arquivo familiar, e ao longo do projeto, desenvolveu três instalações que remetem a lugares e pessoas de seu passado, mas que sublinham a presença e a atuação dos mecanismos que “narram” a sua própria história, re-criando e fantasiando sua memória neste processo. As instalações são compostas de aparatos de visão que conduzem o olhar para cenas e paisagens em constante re-criação a partir de elementos que pertencem a distintas épocas e contextos da história do artista, como fantasmas em uma ilha que paira sobre o tempo.
O projeto “Espectros: arte, memória, mídia” foi apresentado pelo artista Mateus Knelsen como dissertação de mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O trabalho que teve orientação da professora Doris Kosminsky foi apresentado em exposição do Espaço Saracura em setembro de 2016.