Os 300 anos da visualização de dados
RJ Andrews é fundador do estúdio Info We Trust e autor do livro com mesmo nome, em 2017 procurou recriar o estilo do atlas de estradas Britannia de John Ogilby para homenagear os primeiros 300 anos de visualização de dados e infográficos. Alguns meses depois, o mapa evoluiu para um formato interativo que pode ser vivenciado em fullscreen neste link.
John Ogilby publicou seu atlas rodoviário Britannia, o primeiríssimo em sua abrangência, em 1675. O mapa em formato de tiras de papiro virou um ícone tanto visual, quanto cartográfico, além das inovações do mapa ao estabelecer a escala de uma polegada por milha e o uso consistente da milha padrão.
O projeto de Andrews iniciou com uma conversa informal com um amigo sobre pessoas influentes e tecnologia no campo da visualização de dados, logo percebeu que há pouco conhecimento sobre os precursores do datavis, salvo algumas pessoas. Em seu benchmarking, acabou obtendo uma lista de projetos e discussões interessantes sobre gráficos históricos, sendo estes projetos:
Infográficos na época do cólera (Scott Klein, ProPublica)
A história repetitiva e entediante da visualização (Rob Kosara)
A surpreendente história do infográfico (Clive Thompson, Smithsonian)
100 anos de melhores práticas de visualização de dados (Andy Cotgreave)
Desenterrando o décimo nono – Century Roots of Thematic Map Techniques (Margaret Pearce, NYPL)
Landmark Thematic Maps (John Delaney, Princeton)
Sendo A New Map of The Planet Mars de Eleanor Lutz sua maior inspiração a buscar uma estética estilizada como o mapa de Brittania.
A linha do tempo foi colocada ao longo de um mapa fictício no estilo do atlas de 1675 e John Ogilby. A estrada leva o leitor através do tempo, passando por diversos mapas, por cidades nomeadas para os principais contribuintes e por canais que marcam datas importantes. Os desenhos são as peças mais importantes no mapa, sendo animados em sua versão interativa para que o usuário possa explorar os anos de contribuição para a área de visualização de dados.
Andrews procurou incluir as inovações dos gráficos, não necessariamente na aplicação de gráficos, embora muitos gráficos famosos estejam incluídos (O mapa da cólera de Jon Snow, por exemplo). A comunicação visual da informação tem milhares de anos, mas os desenvolvimentos antes do século 17 são esparsos, e foi desta época que o autor iniciou o projeto. Entre o que não foi incluso no projeto estão: nomogramas (gráficos usados para computação), a maioria dos mapas, exceto aqueles importantes para informações estatísticas (afinal de contas a historia da cartografia é enorme), análises estatísticas não visuais, desenvolvimento de ferramentas (papel milimetrado, técnicas de impressão, etc.) e revisões (reuniões da sociedade, resumos e livros).
Foi deixado de fora também algumas inovações que não poderiam ser colocadas em desenhos animados como o registro automotico de dados bivacados de James Wattt, o gráfico linear literal de Francis Hauskbee e o mapa estatístico da produção de Crome em 1782.
Agregados ao título do projeto, no topo do mapa interativo, estão quatro figuras de destaque. Sendo estes: Florence Nighingale, William Playfair, John Snow e por último WEB DuBois. Este ultimo foi incluso pela inspiração do autor em um projeto que envolvia o pioneiro das ciências sociais.
Apesar do pôster original ser bom, ainda parecia incompleto por não promover tanta informação necessária ao leitor que busca entender a linha do tempo. Os desenhos animados percorreram uma distancia razoável para comunicar a profundidade da historia, mas não concertaram completamente os pontos. Andrews construiu um projeto interativo para mostrar o trabalho real e vincular os melhores recursos disponíveis em cada marco. O que prova que o interativo pode funcionar para transmitir mais informações e fontes dos dados.
As historias dos mapas podem nos inspirar a acreditar que a área da visualização de dados ainda não amadureceu por completo e que ainda há muito a explorar e criar. Este projeto é inspirador por conter tanta referencia e cuidado pelos precursores e deixar aberto para novas linhas de inovações de 2017 adiante.