Jennifer Rigley, a primeira Cam Girl
Em 1996 uma garota chamada Jennifer Ringley começou a postar fotos de seu quarto e inadvertidamente inventou o lifecasting. Tempos depois ela simplesmente desaparece da Internet.
O experimento consistia em upar fotos automaticamente de 15 em 15 minutos, através de sua webcam, de qualquer coisa que ela estivesse fazendo no momento: navegando na internet, lendo um livro, olhando pro nada, se masturbando… A extrema transparência – e possibilidade de nudez – eram enormemente atrativas. Ela exibia sua vida cotidiana para qualquer um que quisesse acessar.
Dois anos depois, em 98, Ringley já era famosa suficiente para aparecer no David Letterman. Agora ringley já tinha quase um próprio show: Jennicam, a primeira cam girl e celebridade de lifecasting. Neste ponto la já upava fotos mais frequentemente e começou a cobrar pelos acessos via PayPal.
Depois ela simplesmente parou. Em 2003 Jennicam foi desligado, após um término de namoro (também gravado pela webcam). Jennifer voltou a sua vida privada e não mantem nenhum perfil na internet nem nada atrelado a sua marca pessoal.
Pensar hoje em dia em lifestreaming não é nada estranho, nós temos Big Brothers, Kardashians e outros vários reality shows – além de inúmeros sites pornôs exclusivamente de streaming de webcams -, mas Jennifer fez isso antes de todo mundo, nos primórdios da internet aberta – e discada, na época – levantando questionamentos acerca de tópicos que ainda são muito explorados hoje em dia, como vigilância, privacidade, intimidade, invasão, voyerismo, etc. “[…] isto vai substituir a televisão, isto é tudo que as pessoas querem, as pessoas estão sozinhas e desesperadas, humanos sozinhos, desesperados e miseráveis, estão explorando mais, estão querendo ver vida se estendendo a novos lugares”, David Letterman.
Apesar de despretensiosa e afirmar que não tinha nenhum objetivo concreto ao iniciar o Jennicam, Rigley diz que gostava quando recebia e-mails de pessoas dizendo o quanto elas se sentiam bem por verem que alguem bonito e popular também estava e casa na sexta a noite fazendo trabalhos ou que ela passava longos dias tediosos sem fazer nada.
Sobre invasão de privacidade e o teor altamente voyerístico do Jennicam, Rigley diz “[…] vocÊ pode ver antílopes e leões comendo e fazendo sexo, mas se você coloca uma pessoa alí, aí já é doentio e perverso”. Muitas pessoas, ela continua, assinavam o Jennicam só para ter acesso aos momentos de nudez e ao sexo, mas se deparavam com longos períodos de vida cotidiana. “Tive que me fazer mais forte para resistir tanto aos e-mails com elogios quanto aos maldosos”
Abaixo a entrevista, em inglês, no David Letterman.
https://youtu.be/0AmIntaD5VE